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O paraíso do pecado impresso

Um dos maiores desafios no processo de ensino e aprendizagem é explicar o valor do erro. Para fins didáticos, alguns trocam por “valor do acaso”. Afinal, não é que se está errando displicentemente, mas contemplando acidentes e permitindo combinações que antes não se imaginaria.

Os mais puritanos logo diriam que estes argumentos não passam de desculpa dos que não sabem As Regras Sacras das Métricas Ortodoxas dos Dogmas Cartesianos©️®️™️. Bobagem. Todos sabem que antes da linha reta a pira era pirar na garatuja. 

Quando  se está lidando com processos gráficos manuais de impressão, é claro que há uma série de passos a seguir para garantir determinados padrões de qualidade ou simplesmente manter a área de trabalho organizada. Tudo bem, tudo certo, tudo alinhado. Mas sinto que, assim como na arte, no processo orgânico do aprendizado, antes de ter linha, tem que ter tesão.

Por mais que se busque estabelecer um controle das variáveis, cada unidade de impressão nasce com a graça divina da diversidade. Tais processos são a casa do acaso. O reino do erro. O paraíso do pecado. Tal qual a curtição do desenho livre ou a imprevisibilidade da aquarela, por que a arte impressa artesanal não poderia vaguear libertina ao sabor das sobreposições? 

Assim, surgiram estas artes promíscuas em sala de aula. Lascivas de experimentação. Poderia falar de cada técnica separadamente, em suas respectivas caixinhas. Mas estamos em 2023, capitalismo tardio e decadente, o planeta sangrando. Não há mais tempo. O pós-moderno desmaiou e acordou no cercadinho fascista. Entinta de novo, vamos repetir: é preciso ensinar a transgredir.

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